quinta-feira, agosto 07, 2008

O Banco de Suplentes




Lembrei-me há alguns dias de um episódio que me aconteceu há alguns anos e que me marcou para sempre.

Tinha por aí uns 13 anos. Numa bela tarde de Agosto,o meu Pai chegou a casa com a grande notícia!

- Filho, estive agora a falar com o Aníbal e ele disse-me que o treinador do União de Leiria quer que vás jogar para a equipa de iniciados! Vais tu o Pedro e o Marco!

Deviam de ver o ar de felicidade daquele Homem! Até já me tinha comprado umas luvas novas! E eu que nunca tinha estreado umas luvas novas!

Verdade seja dita, que dos 3, eu seria o mais fracote a jogar à bola...também queriam o quê? Que um puto com 1,50m de altura tivesse poderes de Super-Homem e voasse por cima da barra de uma baliza de futebol de 11 com 2,44m? Agora o Pedro e o Marco, esses sim, eram jogadores da bola!

Treinos 3 vezes por semana, jogos ao Domingo... Cada vez chegava mais tarde a casa dos treinos...lembro-me de uma vez que cheguei a casa já passava da 1h da manhã, com teste no dia seguinte...a minha Mãe completamente passada!

- Oh Mãe, a culpa não é minha!...somos sempre os últimos na volta do carro!

Fui toda a época suplente,não que o meu concorrente fosse melhor que eu...era o menino bonito! A meio da época apareceu um outro miúdo, agora éramos 3 a disputar o mesmo posto.

Chegada o final da época, havia um torneio a disputar em Paris...Paris SaintGermain...Lázio de Roma...andava a delirar! Ir jogar a França, o meu País Natal!

Mal eu sabia que ia ficar em terra! Ser suplente era por vezes constrangedor...mas SER DESPREZADO?!!!

Fiquei tão triste...mas nunca o mostrei a ninguém! Quando começou a nova época, cheguei lá no dia do primeiro treino, disse que queria que me pagassem o dinheiro do autocarro que aina me deviam do ano anterior e que me ia embora!

O Pedro e o Marco claro, continuaram. Eu nunca mais quis jogar futebol federado!

Repetiram-se episódios semelhantes...não no futebol, mas noutros grupos, noutras relações humanas, noutras circunstâncias que me marcaram bastante. E sei que voltarão a repetir-se.

Nunca gostei de ser suplente. E não me refiro só ao futebol. Aceito ser suplente quando os outros demonstram mais capacidade que eu. Mas odeio que me desprezem! ODEIO!!! Prefiro que me insultem, que me agridam até cair por terra...ignorarem-me não!

Já me disseram que reajo muito mal à frustração...pois eu acho que é preferível assim a acomodar-me e aceitar as frustrações encolhido num cantinho!

Sou arrogante? Convencido? Com a mania das perfeições e das grandezas? Digam-me vocês...mas sobretudo não me ignorem...não me deixem à margem...

Não admito ser posto de parte... aceito ser suplente... mas no dia em que chegar à titularidade, não a largo, disso podem estar certos!